
Não houve um tempo determinado para acontecer. Aos poucos, foi ganhando formas, cores se misturando, grafites sendo desenhados aqui e ali, partes se quebrando. Não houve tempo nem mesmo para socorrer o muro que entregava sua missão desde erguido. E nunca ao longo do seu tempo ficou estático. O tempo, sempre o tempo, todos os dias, em todos os horários deixou suas marcas. Nossos olhos de olharem apenas passavam sem sentir a dor de um tempo que insiste em permanecer a olhos vistos e atravessar outros tempos impondo a todos a mesma dor de ontem. O tempo não naturaliza a dor. Nós, sim naturalizamos com o silêncio.
There wasn’t a set time to happen. Gradually, it was gaining shapes, colors mixing, graphites being drawn here and there, parts breaking down. There was no time to even rescue the wall that delivered its mission from the next. And never over time has it become static. The weather, always the weather, every day, at all times left its mark. Our eyes of looking just passed without feeling the pain of a time that insists on staying in plain sight and going through other times imposing on everyone the same pain of yesterday. Time does not naturalize pain. We do naturalize with silence.
No había un tiempo establecido para suceder. Poco a poco, estaba ganando formas, mezclando colores, grafitos dibujados aquí y allá, partes descomponiendo. No hubo tiempo ni siquiera de rescatar el muro que entregó su misión desde el siguiente. Y nunca con el tiempo se ha vuelto estática. El clima, siempre el clima, todos los días, en todo momento dejó su huella. Nuestros ojos de mirar simplemente pasaron sin sentir el dolor de un tiempo que insiste en permanecer a la vista y pasar por otras veces imponiendo a todos el mismo dolor de ayer. El tiempo no naturaliza el dolor. Nos naturalizamos con silencio.
Foto: Chronosfer.
Naturalizamos com o silêncio e o esquecimento. E assim andamos por estas latitudes, cara a cara com o terror que se apresenta cotidianamente.
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o esquecimento! a memória! belo comentário, Jorge. muito obrigado pelas palavras lúcidas. um grande abraço.
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O tempo não naturaliza a dor, mas traz o amadurecimento para compreender as razões para ela ter surgido. E o aprendizado que ela trouxe. Um abraço! 🌻
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oi, Nicole, bom dia com a manhã já avançando, mas uma tarde inteira pela frente. tudo isso que você escreveu é essencial e fico feliz com tuas palavras aqui. muito obrigado. o meu abraço,
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Ótimo conteúdo 👏👏 sucesso
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muito obrigado. este post foi, para pegar emprestado o seu site, um turbilhão de sentimentos quanto a tanto que está acontecendo hoje e que já vem de outro tanto tempo. feliz com tua presença e desejo a você muito sucesso e felicidade. cuide-se bem, por favor. o meu abraço.
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Obg 😅
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Belíssimo. Intenso
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um texto em que abro muito minha tristeza com a notícia de um assassinato de um menino de 4 anos, no dia do seu aniversário, com um tiro no peito. doeu e ainda dói muito isso. muito obrigado pela leitura e sensibilidade. abraços, Alda.
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Alma de poeta a sua. Descrever com tanta sensibilidade…
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O tempo, sempre ele, sendo o tempo. E nós, sempre nós, silenciando
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e o Mariel sendo o Mariel: brilhante!
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“Não houve tempo nem mesmo para socorrer o muro que entregava sua missão desde erguido. E nunca ao longo do seu tempo ficou estático. ” nada é estático na memória e acção do homem, da sua herança de aprendizagem reinventamos o que nos deixam!
nada é o que foi, e o que vem será igual
tudo irá mudar, construído sob os mesmo erros…
vedado por novos muros construídos sob as mesmas fundações
na reflexão das horas de clausura apenas liberdade
esse sentir que nos corrói a alma
essa fome de gente, na verdade apenas solidão
nada nos move pela alegria do outro, cobardia
a vida é a consequência do incerto
desse acaso do prazer egoísta
dessa inverdade germinada no ventre
e depois tudo é, igual, diferente…
um tempo novo, um mundo velho
levado pela avareza do homem…
que cobra sem dar…
excelente reflexão sob o que nos transmite a edificação humana, património, físico, moral ou do conhecimento. enorme abraço!
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depois de ler várias vezes tuas palavras, cada vez mais fico certo que deveria ter te passado a foto e pedido um texto. quanta riqueza e sensibilidade! fico eu aqui sem palavras. muito obrigado, Alberto, meu amigo poeta. um grande abraço e cuide-se muito, por favor.
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Apenas uma possibilidade de interpretação da imagem, a imagem é estática mas a nossa sensibilidade e imaginação voa, como uma gaivota embalada pelo vento, construindo memórias edificando histórias da gente que passou.
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gosto de te ler, da tua sensibilidade. aprendo e apreendo muito. e como já havia escrito antes, tua interiorização do que vê, olha, sente transformado em poesia é maravilhosa. agradeço sempre poder ler teus textos. um grande abraço.
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Para além de todos os significados e simbolismos associados ao texto do Fernando, creio que esta imagem, carregada de texturas e personalidade é a verdadeira expressão do tempo, daquele tempo que, através dos elementos da natureza, desenha, grava, escava, fractura, etc.
Uma arte sem tempo, ilimitada.
Mas é o mesmo tempo que marca o nosso corpo e escreve as rugas na nossa pele.
Aqui será a arte do tempo…com tempo limitado!!
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uma leitura muito rica e para mim comovente sobre o tempo. sabes o quanto gosto da palavras que deixas aqui, sempre me fazem pensar e me dão novos caminhos. muito obrigado. o meu abraço.
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Tempo e silêncio são sinônimos? Às vezes me parece que sim! Suas fotografias e palavras falam pelos dois…
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eis uma bela questão, Estevam. penso que o pior é o silêncio ao longo tempo naturalizando certas situações que em nada solidificam, por exemplo, um nível de igualdade social mais justo. muito obrigado, gosto muito das tuas observações. um abraço fraterno.
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Ontem assim que li seu texto, já escrevi um poema… Quando publicar lhe faço a devida deferência. O silêncio do tempo é o título.
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fico feliz, Estevam. não se preocupe com a deferência, é legal saber que o post te levou a escrever sobre. aliás, o bom dos blogs é exatamente isso: quanto também eu fui levado a postar graças aos posts que leio, olho, e me fazem pensar. um grande abraço e saiba que me sinto honrado.
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Exato. Muitos textos que leio ou fotografias que contemplo me inspiram. Este de ontem veio muito rápido… Inspiração instantânea…
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Parece como uma pequena goteira, que incomoda a primeira vista. Entretanto, se não fazemos nada a respeito logo inicialmente, nos acostumamos com ela e a mesma deixa de existir.
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É bem isso, Juliano. Temos a cultura de naturalizar o “depois arrumamos”, “depois ajeitamos”, etc. Está no momento de mudar isso. Gostei muito do teu comentário. Muito obrigado e por favor cuide-se muito.
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hi
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helo
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hi, thank you so much!
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Compelling and thoughtful.
Thank you for publishing this profound post
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Muito obrigado, meu amigo Anísio. Um grande abraço.
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